Ando numa fase confusa da minha vida. Parece-me que andei em círculos todos esses anos, sem nunca encontrar um ponto onde pudesse sair, onde pudesse finalmente dizer que este é o meu ponto de parada.

Acho que naveguei durante anos por mares onde todos os outros navegaram e eu fui um pouco a reboque, naquela onde de sim, sou e sou feliz assim e ninguém tem nada a ver com isso.
Hoje me deparo com inúmeras situações onde a minha vontade de me afirmar, de me aceitar e de estar numa sociedade machista e preconceituosa me levou a cometer erros. Erros de julgamento em relação a mim e aos outros.

Erros, onde a precipitação levou a que algumas pessoas se afastassem e que outras se chegassem mais perto, quando nem eu pensava que fariam.

Tenho a impressão de quem hoje vos escreve não é a mesma pessoa que anos atrás achava que o armário era uma metáfora estúpida inventada por alguém sem mais nada de importante para fazer.

Hoje sei que o meu armário ainda tem coisas que precisam ser arrumadas, há roupa suja ainda a espera de ser lavada e eu não tenho vontade de o fazer. Apetece-me mesmo voltar para lá e ficar quietinha, aproveitando este tempo frio que se faz sentir enrolar-me nas roupas que ainda lá estão. (Não nas sujas, ainda lá tenho roupa lavada!)

Apetece-me começar de novo, sem medos, sem receios. Quem sabe abrir a porta do armário de uma outra forma? Sem grande alarido, nem muitas perguntas.

Quem me dera nunca lá ter estado, ou nunca de lá ter saído. Seria mais fácil? Não!

Mas ao menos teria uma outra chance e mesmo que fizesse as mesmas coisas, se calhar, hoje não me apeteceria voltar para lá.

O que vale, é que nesse mesmo armário, não há cheiro de naftalina, felizmente!
Se demorar a aparecer por aqui, é pq voltei para o armário. Mas quando sair novamente, sairei mais forte, mais preparada e mais disposta do que nunca.

Afinal, eu não nasci dentro do armário, apenas entrei dentro dele, quando não sabia o que fazer.