17/08/12

PostHeaderIcon Activista x Resevada- Ninguém ganha, perde a relação

 
Numa relação tem sempre de existir uma harmonia, um respeito mútuo sempre em risco quando duas pessoas, com ideias diferentes sobre um assunto se juntam. Fica sempre a ideia que um dos lados tem de ceder, nem que seja para restabelecer a paz entre o casal. Mas será justo que essa cedência ocorra e haja, por conta disso, uma mágoa ou ressentimento por termos cedido na nossa opinião, ou maneira de ser?
Ontem, ouvi uma discussão entre um casal amigo. Duas lindas mulheres, que se amam mas que têm uma maneira de estar perante a sua sexualidade, diferente.
Uma (que aqui refiro como G) sempre foi activista, sempre foi a luta e participa de todas as Marchas Lgbt, até de outros países quando pode, levantando bem alto a bandeira do Orgulho Gay e reivindicando os direitos há muito negados e condenando as injustiças e violências contra os homossexuais.
Outra, (que vou tratar por M) mais reservada. Nunca foi a uma Marcha, nunca lutou activamente contra quem nos tira e nos nega os direitos e sempre pautou a sua homossexualidade, pela discrição.
Então, o que acontece quando duas pessoas com formas tão diferentes de ser se apaixonam?
É-me complicado entender apenas um dos lados.

Se tenho orgulho na amiga G que vai a luta pelos meus direitos também compreendo o lado da outra amiga M que fica no seu canto. Isso não faz dela menos homossexual do que eu, do que a namorada, do que aqueles que vão ás Marchas e dão a cara na televisão. Mas esta diferença está a causar atritos entre as duas, pois uma quer que a outra seja mas activa, que vá com ela para as lutas diárias que ainda travamos. G Não quer ser mais aprensentada como uma "amiga", aos demais que ainda não sabem da homossexualidade de M.
Não acha justo que isso aconteça, quando ela apresenta a mulher que ama como namorada, seja a quem for, sem restrições. Mas será justo para M ver negado também o seu direito a discrição? Terá ela de agir contra a sua vontade para satisfazer G?
G não tem mais nenhuma relação com a família. É mais independente, sempre foi. M dá-se muito bem com os pais e irmãos e não quer perder isso, participando em Marchas e Afins, apenas para satisfazer a namorada.
Quem tem razão? Porquê não pode G aceitar o facto de M ficar em casa quando há alguma actividade LGBT e ela não quer fazer parte disso? E porquê não mostra M também o orgulho que tem na sua relação com G? Terá ela vergonha de ser lésbica?
Não! Apenas não quer demonstrar que o é a terceiros, que não têm nada com a sua vida mas que se soubessem, teriam a cara de pau em chamar-lhe nomes na rua, no trabalho, ou até na frente da sua família, que ela tanto preza e cuja aceitação da sua homossexulidade, não foi pacífica mas também não acabou de forma "trágica" com corte na ligação, tal como se passou com G.
Eu nunca fui a nenhuma Marcha, nunca lutei activamente pelos meus direitos e admiro muito quem o faz, pois reconheço uma coragem que eu até agora não tive. Talvez por razões familiares também, tal como M. Admiro muito uma amiga que foi na última Marcha do Orgulho Gay no Porto ao lado da mãe. Admiro imenso a Teresa e a Helena, cujo documentário podem ver aqui no site mas não sei se seria capaz de passar por tudo o que elas passaram, quando deram a cara pelo Casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Isso faz de mim menos lésbica ou cobarde? Não sei, talvez para algumas faça. Eu lido muito bem com isso, sem problemas de consciência com a minha não-presença nas Marchas e Debates na Tv.
Ontem a relação de G e M ficou mais fragilizada mas espero que hoje elas possam sentar-se e chegar a conclusão de o que amor delas vale tudo e que de alguma forma, ambas perderam e ganharam algo com o assumir da sua relação. Perante todos, por parte de G e por parte de alguns por parte da M.
Não é necessário que M vá atrás da G ás Marchas. Quando a G chegar a casa cheia de novidades para contar, sabe que lá vai estar M, para a a receber com beijos e abraços e ouvir as histórias que G tem para contar.
Há brigas demais no mundo. Ao menos que elas possam deixar a discórdia do lado de fora da porta e sejam o casal mais lindo do mundo dentro de casa!

2 comentários:

Anónimo disse...


Não me sinto a pessoa mais preparada para comentar esse exemplo.
Acredito que existam muitas diferenças inconciliáveis. Mas também quero acreditar que, quando existe amor de verdade, algumas pontes podem ser erguidas para ligar os lados opostos.

O amor faz mesmo a diferença. Sei que é uma frase-feita, mas nunca encontrei tanto sentido nela quanto agora.

Sobre esse caso específico, posso dizer que as lutas diárias também se travam em casa (e não só nas ruas, em atividades LGBT). Também é uma luta cotidiana a aceitação de si em um meio moldado por uma outra lógica de pensamento, com todas as implicações que isso possa ter.

Espero que a G e a M consigam superar essas diferenças. Afinal, no que é mais importante elas provavelmente concordam: estar ao lado uma da outra é o mais importante.

Patty disse...

Obrigada pelo teu comentário Anónima e volta sempre, aqui ou então no Lesdating.
:)

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